domingo, 4 de dezembro de 2016

Expedição - Xingó a Paulo Afonso

Dia 29/10/2016 - Sábado


Aqui começa uma nova expedição.

Preferi viajar no dia anterior até o local de encontro com todo o grupo, e assim faço um breve tour por Canindé, conhecendo a pequena cidade às margens do Rio São Francisco, abaixo da barragem de Xingó, no estado de Sergipe.

Já no hotel em Canindé, aguardei a chegada do povo para começarmos as logísticas dos carros que iriam ficar em Paulo Afonso.

Quando o último chegou já passava das 17h, pouco tarde , pois íamos pegar estrada a noite, coisa que não faço a muito tempo... deixamos os barcos no restaurante Karrancas, de onde sairíamos amanhã, e fomos em comboio levar os carros para o local de chegada, Paulo Afonso.

Já passava das 22h quando chegamos no hotel de volta, saímos para comer alguma coisa e direto pra cama, amanhã começava nossa aventura.

Dia 30/10/2016 - Domingo

Acordamos cedinho e tomamos um café bem reforçado, muita água pela frente a remar. Acertamos um carro para nos levar até a barragem, no Karrancas, local onde havíamos deixados nossos caiaques no dia anterior.

Éramos 10 integrantes: Haraldo e Luiza (Feira de Santana), Armindo e Morgana, Adelson e Laiana, Mestre Jaksom  e Telma, (Salvador), Carlos (Juazeiro/BA) e eu de Recife.
Demora um pouquinho até organizar tudo em todos, tiramos fotos para registrar nosso momento da partida de Xingó.

Fato curioso é que no ano passado em outubro na Expedição do Delta do Parnaíba, éramos 6 integrantes, dois Tinguas e dois Itairus, um dos Tingua fazia sua estréia. Hoje por sua vez, um novo Tingua, sendo inaugurado nas águas do Velho Chico, fazendo as contas, três Tinguas, dois Itairus, um Orube e mais um caiaque de um outro fabricante, em um total de 7 barcos.
 
Sensação boa ao olhar para trás, no meio do lago avistamos a barragem do Xingó se afastando... a partir daquele momento, estamos em contato direto com a natureza, silêncio total, só o ruído do caiaque cortando a lâmina d'água, o vento soprava a nosso favor, e por isso aceleramos nossa velocidade média um pouco, chegávamos a marca de 7.8 km/h.


Deveria ser uma fazenda às margens do rio, lindo o lugar para um bom banho, como havíamos remado muito pouco, seguimos em frente pois o nosso destino, como primeira parada, seria uma pequena ilha onde havia uma formação das peras diferentes da normalmente encontrada naquela região, vista na expedição passada.

Há 2 meses atrás, quando passei por este local, me chamou a atenção, como a expedição estava no último dia, estavam todos querendo finalizar, não foi possível a parada.

Esta expedição estamos fazendo no sentido contrário, subindo o rio, de Xingó a Paulo Afonso, por isso, aos 7.3 Km remados, resolvemos olhar as formações e aproveitamos para tomar um banho e hidratar um pouco, pois o sol já esquentava e tínhamos que nos proteger.


Hoje tive a oportunidade de fotografar o belo local, calmo e sereno, e as pedras que ali formavam aquela pequena ilha, paramos por uns 20 minutos e partimos.

Saindo da pequena baía, lugar abrigado onde paramos, voltando ao curso do rio, avistamos o longo corredor a nossa frente, muita água para remar. 
Nunca  nos espassávamos um do outro, sempre mantendo contato visual com todos os remadores, isto é muito importante em expedições, a união entre nós.

Fizemos uma pequena parada para juntar o grupo no meio do Cânion, rota dos catamarãs que passam por ali, saem de Xingó para o Talhado do São Francisco.

Já avistando a entrada do Talhado, sugeri parar para nos agrupar e aproveitamos para tomar uma aguinha e comer alguma coisa, mais 2 km estaríamos em nosso destino da primeira noite.

Lugar bonito de águas claras e areia branca, linda a prainha, daria até para acampar.
Neste trecho de entrada, todo o relevo começa a mudar, belíssimos paredões de cores avermelhadas com mais de 60 metros de altura, este cânion é simplesmente um lugar único, sem igual.

No corredor de acesso ao Talhado, a imagem do Santo São Francisco. Alguns pararam para tirar algumas fotos, visual bonito lá de cima, não subi, mas imagino o quanto é linda a vista.

Logo na dita entrada, uma grande plataforma flutuante para receber os turistas que ali visitam, porque na fenda do talhado só é permitido barco a remo.

Chegamos ao destino, colocamos nossos caiaques fora da água, na gruta do Talhado, onde os caiaques irão passar a noite, pois tem vigia neste local devido a uma outra imagem do santo.

Preparamos nossas tralhas, colocamos na mão e em sacolas o que iríamos precisar naquele dia, pois os caiaques iriam ficar distantes de nossas presenças e não havia condições de voltar por ali naquele mesmo dia, só no dia seguinte para prosseguir nossa viagem.

Chegamos na pousada e fomos recebido pelo Sr. José Francisco e sua esposa, pessoas incríveis, simpatia ao extremo, muito brincalhões, gostaria de que

todos tivessem a oportunidade de conhecê-los também.

Preparou um belo almoço pra nós, simples e saboroso, comida caseira e ótima no tempero.

Como nosso almoço saiu muito tarde, à noite tomamos um café com bolacha, biscoitos e muita conversa, tomamos também um vinho, em uma mesa redonda, na companhia dos amigos e da égua buchuda de 9 meses da pousada, a Jamaica, que andava pelo terraço pra lá e pra cá, fungava nossos pescoços, parecia até que conversava com a gente. A Telma até fez self com a Jamaica, lindo o animal.

17.8 km remados, amanhã será o dia de menor percurso até a Eco Fazenda Mundo Novo.


domingo, 31 de janeiro de 2016

4º dia de Expedição do Delta do Parnaíba

4º dia - 6 outubro de 2015

Mais um dia de sol forte amanheceu. Hoje será o dia em que vamos encontrar Naldo e Ilma em local previamente combinado, pois chegarão para se agregar ao grupo. Partirão de um vilarejo chamado Porto de Tatus, próximo à cidade de Parnaíba, e navegarão por 3km para nos encontrar.
O Bandeira foi ao encontro deles, enquanto isso, aproveitei para passear pelas dunas em Parnaíba e registrar flagrantes belíssimos, encontro de dunas, canais e mangues.

Atrasaram um pouco devido a hora da saída, mas, no final, tudo deu certo. Nas dunas próximo a Parnaíba houve o tal encontro, mais um barco se juntava ao grupo, completo para seguir por 5 dias pelos rios e canais do Delta do Parnaíba, curtir, desfrutar da natureza existente na região.

Seguindo nossa meta do dia, primeiramente pegamos um breve atalho pelo Igarapé dos Periquitos. Fomos navegando por uns 8 km de rio estreito e sinuoso, bonito demais, a cada curva um novo visual, e assim chegaríamos a um dos principais rios do Delta que deságua no mar (só avistaríamos o mar depois de 4 dias).

O rio em que navegávamos alargava a cada remada até chegar no rio principal, e pela brecha das árvores que formavam o mangue avistávamos o Atlântico no horizonte. Sensação boa, de orgulho próprio, saber que remamos estes dias e ao final o prêmio era chegar ao mar.

Praticamente sem nuvens e naquele exato momento só avistávamos duas cores: o azul do céu intenso, predominava na paisagem, e o verde esmeralda do Parnaíba, a linha que dividia estas cores tem o nome de horizonte, que belo contraste, só participando de uma expedição desta para desfrutar de raras belezas.


 Este trecho que íamos atravessar era de muita expectativa, pois informações de ribeirinhos diziam que o "mar" naquele local era agitado, com marolas... pelo contrário, com a graça de Deus, a brisa que soprava trazia tranquilidade naquele instante. Em linha reta, de um lado a outro, aproximadamente 1,8 km, mas como não sabíamos o que iríamos encontrar no meio do rio, fomos obrigados a entrar um pouco pela margem direita, e depois virar para esquerda, afim de evitar marolas quebrando na lateral do barco podendo provocar uma capotada em meio do rio. Desta forma que elaboramos a travessia, para fazer esta curva neste trecho, era para pegar o vento a favor, e caso houvessem marolas, iríamos surfá-las, mas nada disso ocorreu, graças a Deus.

Ao chegar do outro lado fizemos uma breve parada, lugar lindo, onde registramos belas fotos. Carcaças de tartarugas à beira da maré me deixaram infeliz naquele momento, diante de tanta natureza a gente se depara com aquela situação, sem saber nunca se foi coisa do homem ou da própria natureza.

Deixamos o local de descanso e partimos para cumprir a meta diária, pois faltavam ainda uns 10 km aproximadamente. Íamos dormir em um lugar onde as pessoas da região nos disseram e avistamos por fotos. Entrando pelo Igarapé dos Poltros uma coisa me chamou atenção, as árvores de manguezais naquela área eram enormes, tamanhos que jamais havia visto antes, alturas que passavam dos 20 metros, lindas, suas raízes formando desenhos gigantescos.

 Estávamos ansiosos para nossa chegada a tal casa verde, era num local abandonado onde iríamos passar a noite acampados. Cada momento em que entrávamos no igarapé, a água mudava de cor, e o rio estreitava, sinal de que estávamos chegando, isto porque ao estudar o local, por fotos, sabíamos que aquele igarapé terminava próximo às dunas.




Enfim, avistamos a tal casa verde! Foi aquela euforia, alegria demais, iríamos acampar isolado da civilização pela primeira vez durante a expedição. Ao chegar tivemos grande recepção, a casa estava infestada de marimbondos, nunca vi tantos, era de dá desespero, mas aos poucos fomos nos acostumando uns com os outros, ninguém tocavam neles e eles não nos tocavam. Tivemos que conviver por mais de 12h, foi terrível.


Armamos nossas barracas, nossa alimentação e caímos no sono. Amanhã teremos muito remo a frente, a de hoje não passou dos 36km.