domingo, 7 de dezembro de 2014

Travessia - Salvador a Itaparica - 14 e 15 de novembro de 2014

Quinta - 13 de novembro de 2014
Já passava das 20h quando Cabral, junto com Marcelo, passou na fábrica. Colocamos as nossas tralhas no carro e amarramos os 3 caiaques, deixando tudo pronto para partirmos no dia seguinte.

Fomos  para o condomínio onde Cabral tem uma casa e preferimos dormir por lá e pegar a estrada logo cedo.

Sexta - 14 de novembro de 2014
Acordei às 5h com um celular tocando em algum lugar, mas como não era o meu, nem eu havia colocado o despertador, fiquei quieto aguardando alguém acordar. Resultado: perdemos a hora com este acontecimento, terminamos saindo de Aldeia quase 8h da manhã, já bem atrasados. Tomamos café da manhã em Escada.

Após o café da manhã, resolvemos esticar um pouquinho, mas depois de Palmares, a duplicação da BR-101 Sul estava muito atrasada e pegamos vários trechos ainda em obras, o que acarretou mais atraso.

Não me recordo exatamente a hora em que passamos pela entrada de Maceió. Seguimos em frente e decidimos almoçar em Propriá, às margens do Velho Chico para admirar a beleza daquele rio mágico, que atrai a atenção de qualquer um que passe por ali.

No carnaval de 2015 estamos planejando descer o rio de Paulo Afonso até Piassabuçu/Al, que fica a alguns quilômetros de sua foz. Será uma grande expedição, onde pretendemos reunir pelo menos 10 canoístas. Expedição de matar qualquer um de inveja.

Por onde passávamos íamos tirando foto das placas e publicando em tempo real, assim as pessoas podiam nos acompanhar. Era só aparecer a placa e a galera dizia: a máquina! olha a placa!  bate a foto!

Em boa parte da BR-101 Sul Maceió nem foi iniciada a duplicação, assim como a do estado de Sergipe.

Revisamos as cordinhas depois do almoço, tiramos foto do Divino Rio e seguimos para não nos atrasarmos mais ainda e termos que viajar à noite. Poderia ser arriscado, principalmente numa estrada que não conhecíamos, que era a a Linha-Verde/BA.

 Atravessamos o estado de Sergipe e próximo ao final, em Estância, pegamos à esquerda e deixamos a BR-101 para finalmente entrar na Linha-Verde. A divisa de estados SE/BA estava mais adiante. Com a nossa empolgação, nem vimos a divisa passar, em compensação vimos um belo por-do-sol. Há tempos eu não fotografava um desses.

... e o início da noite veio e tivemos que diminuir um pouco nosso ritmo de viagem. Eu lamentava comigo mesmo, queria tanto ver a paisagem daquele belíssimo lugar... Costa do Sauípe. Mas o entusiasmo de estar no sábado pela manhã na Baía de Todos os Santos, fazendo a travessia, fazia desejarmos chegar logo em Salvador para descansar, pois o dia seguinte seria longo e cheio de aventuras.

Eram 21h quando chegamos de fato na casa do Chico. Casa esta onde iríamos passar a noite para chegarmos no dia seguinte cedinho na Ponta do Humaitá, local de encontro do evento: I Travessia Salvador-Itaparica.

Sábado - 15 de novembro de 2014


Mal havia amanhecido, já estávamos acordados às 4h da manhã, para amarrar os caiaques de volta no carro, pois no pátio do prédio de Chico o carro não havia passado pelo portão.


Ao chegarmos no local, observamos que o pessoal já começava a chegar. Tivemos uns 30 min para correr até uma padaria aberta naquele horário (6h), pois não poderíamos remar sem tomar café da manhã. Retornamos ligeiro para o local de encontro, quando então soubemos que a travessia havia sido cancelada devido às previsões de chuva e vento que estavam pra chegar do sábado para o domingo. Os membros da organização decidiram, então, cancelar o evento. Mas não queríamos perder a oportunidade de remar na baía e aí surgiu a hipótese de que quem estivesse com caiaque oceânico, poderia fazer a tal travessia, e para isto haveria dois barcos de apoio. Diante disso, resolvemos atravessar.

Preparamos nossos caiaques. Havia muitos com caiaques de plástico que também resolveram fazer a travessia. O dia estava digno de remada, mar calmo e muita conversa entre os participantes. Além dos canoístas oceânicos de Salvador, éramos 3 de Recife, mais Wellington Oliveira e a esposa, que vieram de Petrolina, onde eu já tinha tido oportunidade de conhecê-los pessoalmente. E assim, o vento nordeste soprava em nossas costas levando toda a galerinha para Itaparica. Uma das pessoas resolveu nos acompanhar de stand up.

A maré estava secando e a correnteza saindo da baía era relativamente forte. O suficiente para nos tirar do prumo. Tínhamos que fazer mira em um ponto do horizonte para podermos seguirmos firmes em direção a Itaparica, mas não foi o que aconteceu com o stand up de Clivia Murinelli. Nossa amiga saiu do rumo e se afastou muito do grupo, tivemos que acionar o barco de apoio para ir buscá-la.

Acredito que se afastou de nós por uns 2 Km ou mais. Já estava bem próxima do Atlântico... Brincadeirinha! Mas quase que não a víamos mais. Havia um canoísta do seu lado, e quando o barco de apoio chegou até ela, quem disse que ela subiu no barco? Ela disse que iria completar o percurso. Umas 2 horas depois que todos já haviam chegado, apareceu a Clivia, exausta, porém orgulhosa com ela mesma por ter completado o trajeto. Eu jamais faria o que ela fez. E ainda disse a ela pessoalmente: “Admiro a sua coragem e perseverança, parabéns!!!”.

Durante  a travessia, duas história a contar, a primeira esta bela imagem de uma canoa havaiana com cinco alunas e o professor, coincidentemente fazendo a travessia naquele momento, nunca havia visto pessoalmente um modelo como este, lindo de se ver, e a segunda, não sei ao certo quanto tempo após a saída, mas o Marcelo Lins remava à minha frente quando de repente ele informou para o grupo que remava ao seu redor: “pessoal, cuidado, tem uma pedra aqui, pra ninguém bater”, e em seguida a pedra afundou. Era uma linda tartaruga! Emergiu diante de nossos caiaques e ao perceber que estava dentro da roda, mergulhou rapidamente. Foi um presente da natureza.


Faltando uns 4 Km para a chegada, resolvemos juntar mais o grupo. Encontramos um pedacinho de praia na Ilha de Itaparica pra descansar e aguardar a chegada dos retardatários.

A água estava gostosa para um mergulho e para esticar um pouco as pernas. Além de ser uma oportunidade para nos familiarizarmos com as pessoas que ali estavam.

Quando os retardatários passaram, nem quiseram parar, preferiram seguir em frente e parar de uma vez só no final. Desta forma, chegamos todos juntos. Que remada boa, não vou esquecer nunca!!!

 As pessoas que resolveram ir de carro pelo Ferry Boat já haviam chegado e nos aguardavam. A sessão de fotos começava. A chegada no hotel foi demais, muito legal o lugar, e tomar uma geladinha depois de uma longa remada, não tem coisa melhor. Cada um dos que haviam atravessado tinha sua história para contar, e na barraca em frente ao hotel onde iríamos passar a noite, muita cerveja e caipirosca.

Comemoramos juntos mais um trajeto conquistado.

 À noite na beira da praia dava para avistar as luzes próximo a Salvador, aproximadamente 17km da costa, na pousada, não havia muito o que fazer. Era só jantar e subir para dormir, pois tínhamos combinado de voltar remando. Porém, tinha que ser cedo, porque a previsão do tempo dizia que iria virar o tempo por volta das 14h do dia seguinte, e que viria muita chuva e ventos fortes.


O dia amanheceu nublado, sem vento, e nem todos que tinham ido, iriam voltar remando. No retorno para Salvador pela manhã formamos o seguinte time: Eu (Sérgio Hazin), Adriano, Wellingtom Pires, Sergio Cabral, Marcelo Lins, Daniel,  Jacson e Julio.

Domingo -16 de Novembro de 2014
O Paulo Meirelles, como organizador do evento “Desafio Hobie Salvador Itaparica”, estava presente no hotel conosco e voltou no dia seguinte de barco mais tarde.


Já passava das 7:30h e os últimos preparos para a saída. A nossa preocupação com o tempo era grande. Tiramos fotos da nossa partida e seguimos para Salvador. Deu-se início ao nosso retorno.

Outro presente, logo nos primeiros 10 minutos de remada: um cardume de golfinhos próximo a nós. Tentei me aproximar para fotografar, por diversas vezes que apareceram, mas não consegui nenhuma foto. Você não tem como saber onde eles vão surgir. Lindos!

À nossa direita, nuvens carregadas. O Adriano, que é de Salvador, disse que tínhamos que nos apressar e o Daniel chegou a comentar que não ofereciam perigo, pois as nuvens estavam em teto alto.


Remamos até depois da estação do Ferry Boat. Neste momento já começara a ventar e não era vento nordeste, e sim o sul. O vento virou e não poderíamos demorar, era o tempo certo que nós tínhamos previsto.

Fizemos uma parada técnica para avaliar novamente o tempo antes de atravessar de fato a Baía de Todos os Santos. A avaliação foi positiva e assim saímos.



O barco do Marcelo começou a dar problemas no leme. Eu procurava estar com alguém sempre próximo. E aí iniciou-se uma sequência de paradas no meio da travessia, onde jamais poderíamos parar de remar. Tivemos que diminuir o ritmo e as vezes até parar, para não deixar para trás um pedaço do grupo que havia se distanciado. Sempre mantendo contato visual com os que ficavam para trás.


A coisa foi ficando complicada para Marcelo, e naquele momento, o grupo que estava à frente não sabia o que estava acontecendo. Chegou um momento em que o vento já soprava mais forte, consequentemente as ondas cresceram e obvio que perdemos o contato com o grupo de trás. Foi aí que resolvemos parar e pedir ao Jacson, que estava em um caiaque à vela nos dando cobertura, que voltasse e visse o que estava acontecendo e não saísse de junto deles. Eu estava no grupo da frente, porque o Adriano conhece a baía e preferi ficar próximo a ele.

O tempo todo, eu e Wellinton Pires vínhamos monitorando a distância, como por exemplo: a que distância eles estavam naquele momento? 300m. Cinco minutos depois, olhávamos novamente. Que distância agora? 400m. E assim por diante. Ondas grandes surgiam por toda parte, momentos de adrenalina alta, e para completar, uma lancha de seus 45 pés, passou do nosso lado. Aquela infeliz fazendo mais ondas do que já tinha.

Cruzamos o canal por onde passava o Ferry Boat e sempre alinhando o bico do caiaque na posição “12h”. Aos poucos fomos chegando mais perto de onde saímos, a tensão foi aliviando, mas não sabíamos até o momento o que acontecera com o outro grupo. Estávamos sempre avistando o mastro do caiaque do Jacson, há 1km atrás, significando que estavam chegando com um pouco de atraso.

Passamos por um navio ancorado, e a partir daí, o negócio ferveu. A correnteza empurrando em sentido contrário, marolas uma atrás da outra, vento sul. Por pouco não capotei, umas 4 vezes, quando estava faltando uns 200m para a chegada, num canal que passava por ali, e que deixava o mar arrepiado naquele pequeno trecho.

Minutos depois chegou Sergio Cabral com seu caiaque cheio de água na proa, pois o bico havia furado e ele teve que se apressar e deixar o Marcelo com o Jacson.

Foi aí então que soubemos o que havia acontecido. Primeiro, a quebra do leme do barco de Marcelo, e segundo, a saia que o Marcelo usava não era impermeável, o que fez com que entrasse água no cockpit. Tiraram a água por 2 ou 3 vezes, mas quando o Marcelo estava próximo a chegada, desequilibrou e virou com seu barco.

Jacson foi quem resgatou o Marcelo. Como a corrente era forte não deu pra rebocar o barco. Neste momento,

Cabral voltou para ajudar ao Daniel, que vinha junto com Marcelo, para resgatar o barco.

Graças a Deus, tudo terminou bem. Guardamos as tralhas, e em um restaurante próximo, resolvemos comemorar a nossa aventura, que vai ficar pra história. Ela foi brindada com cerveja Baden-baden.

Particularmente, deixo aqui meu agradecimento ao Jacson Castro, por ter acompanhado toda esta situação e ter nos apoiado até o final, retornando com o Marcelo, faço também um agradecimento especial ao Sergio Cabral por arrastar e resgatar das águas o caiaque do Marcelo, também nosso agradecimento ao Daniel pelo apoio que nos prestou por todo o trajeto junto com Marcelo e Sergio Cabral.


E por final a comemoração pela grande aventura, conquistas, ensinamentos e amizades.

As amizades conquistadas durante o evento Desafio Hobie Salvador Itaparica, foram boas demais. E outras virão!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Descida do Rio Formoso a Tamandaré - 19 de Outubro de 2014

Dia nublado com pequenas pancadas de chuva ao longo do dia. Esta foi a previsão de domingo para nossa remada. Ótimo para nós, pois ficamos muito expostos ao sol durante quase todo o dia
.
Um dos trajetos mais belos de Pernambuco, que sempre imaginei fazer. Saindo da cidade de Rio Formoso, localizada às margens da PE60, passando pela Praia dos Carneiros e chegando em Tamandaré através do Rio Ariquindá, um percurso de 16Km.


Marcaram presença: Naldo Neves e Ilma, Guilherme com Priscila, Sergio Bandeira com Valeria, Wal, Sergio Cabral, Flávio Torres e eu, Sergio Hazin.

Este dia foi muito especial, marcou a estreia do barco de Bandeira, o Itairu, produzido pela Uiba Ui Caiaques.

Nosso ponto de partida foi uma pequena ponte localizada às margens do Rio Formoso, na cidade de mesmo nome. Um rio muito raso, com trechos que chegam a 20cm de água. Se tivéssemos esperado mais 40 minutos de vazante, não teríamos como fazer a descida.

Ainda próximo ao povoado, barcos de pescadores da região, ancorados e encalhados, misturavam-se na paisagem formada pelo zig-zag do rio. E assim fomos descendo o rio...

 

Mais adiante, nos deparamos com uma grande rocha à beira do rio, que neste trecho já não era tão estreito. Por este rochedo escorria boa quantidade de água, provavelmente fazia parte de um pequeno riacho que desaguava por aquelas rochas, muito bonito. Ali fizemos uma pequena parada técnica, de frente para a rocha, lindo de se ver o contraste da natureza somado ao assoreamento do rio.




Seguindo o curso do rio, as paisagens se mesclavam, do lado direito a mata atlântica e do outro lado os manguezais. À medida que íamos avançando na direção da Praia dos Carneiros, os coqueiros iam surgindo, informando que a praia estava cada vez mais próxima...


Passamos por uma pousada abandonada a 2 km do encontro dos Rios Formoso e Ariquindá, e de comum acordo, resolvemos dar uma segunda paradinha técnica, antes de chegarmos nos Carneiros, para desfrutarmos de um belo banho de rio.



Ao chegarmos em Carneiros, nos descontraímos, tomamos um ótimo banho e aguardamos a chegada do povo que vinha mais atrás. Precisavam ver a cara de felicidade da galera! Cada um que ia chegando expressava a sua alegria estampando um sorriso no rosto.


Água fria, gostosa, descanso para as pernas, era tudo que desejávamos num momento como aquele, mas uma coisa estava reservada para nós depois daquele banho. Ao entrarmos no Rio Ariquindá, mais 200 mt à direita, encontramos o Rio União. Eu não tinha nenhum conhecimento daquele rio, pois nunca havia remado por ali, embora outros conhecessem aquele local.



Fomos almoçar num restaurante à beira da pista que liga Rio Formoso a Tamandaré. Neste restaurante, a especialidade da casa é o “javali”. Passamos por um estreitinho de mangue que nos levou até um barraco onde era ponto de apoio a pescadores, e a partir dali, começamos nossa caminhada até o restaurante.



 Enquanto esperávamos nosso javali chegar, uma cervejinha gelada acompanhada de jambo rosa, tudo de bom depois da caminhada sob sol e calor!


Então chegou o Javali! Servido em cubos com abacaxi e salada verde, além dos outros tradicionais acompanhamentos.

Um verdadeiro banquete para quem tinha chegado até ali.
Depois do almoço, para quem gosta de descansar ficou complicado, pois teríamos que retornar aos caiaques, o que significava encarar uma caminhada de 1,2 km.


Faltavam aproximadamente 5 km para o final da remada, em Tamandaré. O cansaço já se evidenciava em alguns, principalmente no novato que resolveu encarar a aventura, nosso amigo Flávio Torres.


No Rio Ariquindá, pudemos observar uma coisa muito interessante: dois cajueiros estavam ligados um ao outro, e só pudemos constatar devido à erosão provocada pelo rio, que deixou suas raízes de fora.




E assim, chegamos ao final do passeio. Tudo ocorreu dentro do previsto. Ao chegarmos em Tamandaré, a van com a carreta já nos aguardava.


Fica aqui mais um registro para o nosso blog. Acreditem, é uma remada fora de série, de belíssima paisagem, uma surpresa atrás da outra. 
E você continua de fora?!
Junte-se a nós!!!