sábado, 22 de setembro de 2018

Rio São Francisco - 2º dia de expedição em 15 de julho de 2018

Gameleira da Lapa a Quilombo do Barro  -  40,1 km navegados em 8h 11min


Ao raiar o dia, já estávamos a postos para desmontar e deixar arrumado o local onde havíamos dormido. Alguns armaram a barraca, eu preferi armar e dormir na rede que o Júlio havia me emprestado, pois a que levei não ia servir, muito frio durante a madrugada, a sensação térmica parecia muito abaixo, não dormi bem esta primeira noite.

O dia estava lindo, sem nenhuma nuvem no céu, enquanto a nossa anfitriã preparava o café da manhã, estávamos arrumando nossos barcos a fim de deixar tudo pronto e, com isso, ganharmos tempo na partida.

O rio sempre bonito de se ver e navegar, liso como mar de azeite, e um pescador em sua baitera, cortava o leito sereno do rio.

Registramos o café da manhã, antes de nossa partida.

O Quiosque Beira Rio, onde passamos a noite, redes, barracas, colchonetes pra todo lado, já havia voltado ao de sempre, apesar de deixando muita cerveja na noite anterior.
Registramos nossa partida de Gameleira da Lapa, espero um dia, quem sabe, retornar a este mesmo lugar e rever pessoas que nos acolheram com tanta atenção.

Partimos para nosso segundo dia de remada, cuja meta era chegar em Quilombo do Barro, pequeno povoado à margem direita do rio.

A paisagem com que nos deparamos, era sempre parecida: nas margens, muitas árvores com a metade de suas raízes ainda de fora, mostrando a força das águas na época de fortes chuvas, onde se eleva o nível das águas.

Não consigo passar muito tempo sem ter que registrar algo, e logo
resolvi fazer algo diferente, virei de cabeça pra baixo a máquina e fiz o registro.

Falamos há pouco sobre a força das águas, pois é, durante a descida, encontramos muitas árvores retorcidas e encalhadas no meio do rio, boiando e navegando na correnteza: ali encontram um local mais assoreado e ficam ancoradas até a próxima estação das chuvas.

Quem deve gostar são os pássaros, fazendo destas árvores encalhadas ponto de observação para sua estratégia de pesca.

Curioso também é que às margens observamos placas de indicação da hidrovia do São Francisco, sabemos que o vapor fazia o trecho entre Pirapora/MG a Juazeiro/BA, e que as placas ainda sinalizam a antiga hidrovia.

Nossos expedicionários observando a bela natureza vivida a cada curva do rio.

Procuramos sempre uma parada nas croas formadas no meio do rio porque não há lama, normalmente em uma margem encontramos acúmulos de sedimento.

Percebam vocês, que o nível baixo do rio mostra a altura da margem em sua cota natural.

Hoje iríamos encontrar o apoio numa cidade próxima ao rio, mas como o nível está muito baixo, o canal que liga a esta cidade está seco, sem água, por telefone nos comunicamos porque havia sinal naquele momento, e assim se deu nosso encontro mais adiante.

Hidratamo-nos, reabastecemo-nos, recolhemos nossas barracas que estavam no carro de apoio, pois naquela noite iríamos passar em barracas.



Uma coisa quase inexplicável aconteceu.
Fomos saindo aos poucos e o grupo se dispersou um pouco, eu e Julio remando próximo um do outro e mais dois do grupo a uns 200m à frente, de repente percebo que do céu algo vem caindo, como uma folha de papel, no meio do nada algo brilhoso, tipo metal, alumínio pra ser mais preciso, estávamos distante das margens, e como aquele troço apareceu ali no meio do rio, fui remando em sua direção, ao cair na água, vi e recolhi, simplesmente um prato de quentinha bem amassadinho, logo logo entendi.

Muitos tornados ou redemoinhos, popularmente como são mais conhecido, avistávamos de vez em quando, longe de nós, dezenas de quilômetros de distância, numa dessas voadas este pratinho subiu, só Deus sabe quanto tempo isto ficou planando no ar.


Grande variedade de aves encontramos numa expedição, aves que dependem de peixe, crustáceos, moluscos, como alimento principal em sua dieta.

Durante todo o dia, praticamente não havia vento, dia muito calmo para se navegar.

Pelos nossos cálculos a comunidade Quilombo do Barro estava próxima, demos uma parada para tomar um bom banho antes de lá chegarmos. Chegamos ao por do sol, saímos pela pequena comunidade atrás de um local para nos abrigarmos à noite, e aí encontramos um pastor que nos cedeu a casa pastoral, cozinha com geladeira, banho com direito a tudo, mas mesmo assim, armamos as barracas no chão dentro de casa para descansar e nos protegermos um pouco do frio da noite.