quarta-feira, 9 de setembro de 2015

5o. dia - Epedição de Revitalização do São Francisco

17 de fevereiro de 2015 - De Pão de Açúcar a Jacobina - 42 km

Acordamos cedinho novamente, desmontamos acampamento, tomamos um bom café da manhã, arrumamos as bagagens nos barcos e seguimos para mais um dia de remada. O dia estava ótimo pra remar, com um pouco de sol e o céu azul, bonito para as fotos, sem vento, o leito do rio parecia um espelho.

O trecho de remada é bom, corrente muito a favor, tinha que ter atenção somente nos atalhos, pois tinha muitas ilhas formadas pela erosão da corrente, ela leva sedimentos e bastante areia e forma as ilhas. Caso acontecesse de remar numa dessas curvas por fora da tangente, você poderia aumentar o percurso em até 3 ou 4 km numa única curva do rio. Para que isso não ocorresse, cada um levou um mapa impresso em lona com fotos via satélite para acompanharmos as menores trajetórias, ficou show!

O rio tem uma coisa interessante, não sei se vou saber explicar: a correnteza que o rio forma quando está mais raso leva bastante areia e, mais adiante, quando esta corrente diminui, forma como se fossem batentes de bancos de areia, e assim sucessivamente, daí pra frente será assim quase todo o percurso, pelo menos até Propriá/SE.

Lembro bem de muitos trecho em que remei, quando revejo minhas fotos, algumas identifico na foto de satélite exatamente onde foi batida, às vezes lembro de uma situação, como uma dormida por exemplo, e assim posso dizer de tudo que é inesquecível em uma aventura com esta.

Algum tempo depois, fizemos uma pausa para um pequeno intervalo e para comprar água, paramos em um lugar chamado Araticum/SE, lembro bem porque havia dois burrinhos puxando uma carroça de água para o povoado ribeirinho. De lanche, neste momento, tirei de meu barco, para aliviar o peso pois já fazia 4 dias que eu carregava, um abacaxi e Naldo foi quem se ofereceu para parti-lo e dividir entre os que havia parado.
E a viagem continuou, passamos por Belo Monte/AL. A água era de uma transparência incrível, víamos o fundo de pedrinhas e de repente entrávamos em um canal profundo, a cor da água mudava de verde esmeralda para azul marinho.

Chegamos numa cidade chamada Ilha do Ouro/SE, todos resolveram fazer compras. Fantasiados de canoístas, entramos num supermercado, cada um comprou sua necessidade e bastante água, é sempre bom levar em excesso pois nunca sabemos o que vamos enfrentar no dia-a-dia. Eu reabasteci com água, chocolate, biscoito e outras guloseimas, tem certas horas que a vontade de comer doce é muito grande, e ficar sem os docinhos, nem pensar.

Reiniciamos a remada. Precisávamos agilizar porque provavelmente iríamos dormir à beira do rio nesta noite e precisávamos chegar ainda cedo, com o dia claro, para a escolha de um bom local.

A distância percorrida por dia chegava a 40km de média. Não me lembro bem ao certo a hora de chegada a Jacobina. Na verdade, resolvemos dormir em uma ilha em frente a cidade, assim teríamos mais liberdade para acampar.
Começamos a levantar o acampamento. A quantidade de formigas que havia naquela ilhota era incrível, parecia que todas as formigas do mundo estavam em reunião na mesma ilha que nós, três dias depois ainda havia formiga no barco de Guilherme.

Parece mentira, mas, apesar de tudo, lembro que foi a minha melhor noite que passei durante os meus dias de acampamento, dormi bastante, descansei mesmo, zerado para iniciar no dia seguinte. Na primeira noite da viagem, estávamos no Restaurante do Castanho. Na segunda noite chegamos a Piranhas, comemos pela cidade mesmo. Na terceira, estávamos em Pão de Açúcar, preparamos um jantarzinho, cada um cuidando de sua alimentação. Porém, hoje, na Ilha das Formigas, foi bronca! Já esperávamos por isso, sem estrutura, cozinhando ao relento com lanternas e muita formiga, faz parte.