quarta-feira, 19 de agosto de 2015

4º dia - Expedição de Revitalização do São Francisco

16 de Fevereiro de 2015 - De Piranhas a Pão de Açúcar - 41 km

Havíamos armado nossas barracas dentro de um bar à beira do Chico, pois só funcionava até às 17h, então o dono liberou para nós. Foi uma festa, área coberta, tudo de bom. Porém, com toda tranquilidade, não consegui dormir bem nesta noite.


Arrumamos nossos caiaques e aos poucos fomos carregando para a beira do rio, começar a remadinha do dia.

Já clareando, estávamos de pé novamente para mais um dia de viagem, um dia de mais ansiedade, atenção e adrenalina. Um trecho de aproximadamente 16,5 km de pura aventura, sem dúvida seria a parte que mais iria requerer atenção devido a pedras e redemoinhos no meio do caminho. Em um ano e meio de remo eu nunca havia estado numa situação assim, e aprender a lidar com isso ali no momento...

Fizemos uma pequena reunião afim de esclarecer como seria a descida. A partir daquele ponto ficou decidido que o Guilherme iria na frente com o rádio informando a todos de um ponto crítico que havia ali perto de Piranhas. Este ponto era simplesmente um corredor entre as pedras, e que neste corredor, por onde corria o rio, havia uma rampa, de verdade, uma rampa de mais ou menos 20 metros de comprimento, ali a água corria com mais velocidade. Ao entrar nesta corrente, me lembrei de um tobogã, claro que com menos inclinação, mas a sensação foi incrível, muito legal.


A cor da água neste trecho da viagem era cristalina, era de impressionar, um azul forte, profundo, dito azul marinho, nunca imaginei que num rio houvesse aquele azul.

Após este ponto de mais atenção, por trás de uma pedra havia uma prainha, onde resolvemos reagrupar, mais prudente e seguro todos juntos. Passando próximo às margens de areia branquinha, parecia que estávamos de caiaque no Caribe, mas na verdade estávamos em pleno sertão. Apesar de todo este trecho requerer muita atenção, como já foi dito, a beleza do Velho Chico me tirava a atenção o tempo todo.

Horas depois de nossa partida no terceiro dia de remada, chegamos a uma grande área de lazer: restaurante, escorrego no rio, redes para descanso... até almoçamos por lá. Aliás, eu, particularmente, não almocei, fui premiado e meu almoço não deu tempo de ser preparado porque a cozinha do restaurante esqueceu de comandar o meu pedido. Quando o tempo se esgotou e não pudemos mais esperar, fomos embora e fiquei sem almoçar mesmo.

Deste restaurante parte uma caminhada por uma trilha até chegar ao local onde Lampião e seu bando morreram numa emboscada. Há guias no local que nos levam pela trilha e contam toda a história do cangaço naquela região, local conhecido como Anjicos/SE.

Tivemos que deixar o local com muita tristeza, mas tínhamos que seguir viagem. Tomamos nossos lugares nos barcos e por mais uns 7 km só havia pedras e correntezas. Com cuidado e sem incidentes, graças a Deus, vencemos os 17kms de maior adrenalina em toda a expedição, dali pra frente seria só contemplar a bela paisagem e fotografar tudo direitinho. A profundidade neste trecho estava entre 20 a 30 mts segundo os ribeirinhos.

Passamos por lindas fazendas da região. Muito verde, gramados, casas, a paisagem dali era outra, o que não faltou aparecer foi igrejas, cada uma mais bonitinha que a outra, todas pintadinhas e organizadas.

Passamos por muitos vilarejos de pescadores, uma vez ou outra cruzávamos com um bote. A esta altura da viagem o Rio já estava mais largo e muito mais assoreado, nos trechos de correnteza era um pouco mais fundo, mas por boa parte deste dia remamos vendo o fundo do rio, 2 a 3 metros de profundidade,  tornando muito agradável esta conquista.

Nossa meta do dia foi cumprida. Porém, 8km antes de chegarmos em Pão de Açúcar, enfrentamos um vendaval! Nunca imaginei que houvesse tanto vento soprando em um único lugar, tivemos que encostar às margens até passar a chuvinha. O grupo deu uma pequena separada, mas tudo estava sob controle. Chegamos em Pão de Açúcar já de noite, e arrumar um lugar pra dormir foi fácil: debaixo da coberta de um outro bar que também só funcionava até as 17h (será que todos os bares desta região fecham sempre na mesma hora?).


















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