domingo, 9 de agosto de 2015

2º dia - Expedição de Revitalização do São Francisco


14 de fevereiro de 2015 - De Paulo Afonso ao Restaurante Castanho - 42 km


Ainda era madrugada quando acordamos. Só se via gente pra cima e para baixo, pra lá e pra cá, e a hora da partida se aproximava, tomamos café na pousada e partimos.


Eu não fazia ideia do quanto eu estava levando de bagagem e como iria arrumar tudo no meu caiaque: 3 garrafas de água mineral, abacaxi, laranjas, maçãs, uvas, biscoito, barrinha de cereais, fogareiro, gás reserva, panela, louça, tudo que necessitamos numa viagem como esta.

A maratona iniciou, carregamos os caiaques para beira do rio e os abastecemos com nossos mantimentos. Depois dos barcos arrumados era hora de descermos ao rio. Amarrados com cordas, íamos um a um, a imagem era bonita demais, cada um aguardando a sua vez. Imaginem só, tirar do carro toda sua bagagem da viagem, tirar o barco do reboque, alguém te ajudar a levar até o local de desembarque, colocar as coisas dentro do caiaque e depois ainda precisar de mais 3 pessoas para descer teu barco do pier para água? Repetimos este processo 11 vezes, haviam 3 barcos duplos, mais peso, não tinha como não ser assim, mas deu tudo certo, quase 3 horas para ficarmos prontos para partir, e assim se deu.



Teve uma coisa que fiquei muito triste ao chegar no local próximo do desembarque, cheiro muito forte, esgoto correndo a céu aberto, é simplesmente inacreditável ver aquela cena. Não fotografei, melhor assim, esgoto sendo jogado sem nenhum tratamento, é de doer a alma.

Lá de cima da ponte, a esposa de Júlio, a filha Júlia e uma amiguinha, aguardavam a nossa passagem por baixo da ponte. A cena era bonita de baixo e mais bonita de cima, que só pudemos ver depois por fotos.

Naquela hora, não sabia para onde olhar, toda aquela beleza natural ao seu redor, navegando sobre o maior Cânion alagado do mundo, o 5º maior navegável, paredões rochosos em pleno semi-árido nordestino, não dá para creditar, tudo seco ao redor e a imensidão de água ali corria.

Cada um que passava ao meu lado era um motivo para uma nova foto, por cada paredão que passávamos, era um novo visual, outra foto, poucos remavam no meio do rio, eu só queria remar bem juntinho ao paredão. 

Nestes paredões, que variavam de 60 a 80 metros de altura, vive certos animais, como por exemplo, a cabra, não sei como eles conseguem descer as rochas para beber água, pode acreditar, e está aí a prova, cabrinha com seus filhotes.

E por falar em água, reparem no verde esmeralda que contrasta com o avermelhado das rochas, pelo menos nesses primeiros trechos... É belo de se ver. Nestes paredões observei a variedade de plantas que vivem ali, como flores também, natureza a cada curva do Velho Chico.

A profundidade próxima a Paulo Afonso chega a 120m. A altura das rochas, dita anteriormente, somada a estes valores, chega aos 200m, do fundo do leito do rio até o rochedo mais alto.

Durante este trajeto, encontramos poucos pescadores que vivem por ali, pois estas rochas dificultam a presença do homem naquela área, à medida que remávamos a paisagem mudava, e, assim, começou a aparecer mais atividade pesqueira.

Depois de remar aproximadamente 20 km, resolvemos dar uma parada para hidratação e alimentação próximo a um local de criação de tilápias em viveiros. Muita gente que morava pela redondeza passava o dia cuidando dos viveiros e alimentando os peixes. A parada foi boa, com direito a prainha e tudo.

Durante a expedição, o nosso amigo Madruga resolveu fazer o trajeto de Jet Ski para acompanhar a gente por onde passávamos afim de prestar apoio em caso de emergência. Após a saída de Paulo Afonso o Madruga já foi de carro ao local onde iríamos dormir, Restaurante do Castanho. Deixou o carro, colocou o jet na água e foi subindo o Cânion de encontro a nós, e, por coincidência, nos encontramos na divisa dos 3 estados, Bahia, Alagoas e Sergipe, onde existe uma pequena ilha no meio do rio conhecida como, nada mais apropriado, Ilha de Ninguém. Foi uma festa encontrar um jet no meio do nada.

O dia já dava sinal de que ia escurecer, não tínhamos nenhuma noção de nossa parada final, os mais rápidos estavam na frente, eu acompanhando o André. Em determinado momento ele resolveu dar uma paradinha e esperar pelo pai, o Júlio Cesar.


Chegamos no restaurante já era noite. Cansado, com fome de comida de panela, uma bela macarronada caiu bem, muito carboidrato para prosseguir no dia seguinte.

Nosso trajeto do dia.




















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